Copom mantém a taxa de juros Selic em 13,75% ao ano

As últimas semanas foram pesadas para Roberto Campos Neto, o presidente do Banco Central do Brasil, com críticas vindas de todos os lados: do presidente Lula, do empresariado como um todo e de congressistas das mais diferentes bases.

E tudo por causa dos juros elevados do país — a taxa Selic está em 13,75% ao ano desde setembro de 2022.

Os motivos são inúmeros: Lula diz que juros tão altos inibem o consumo e crescimento do país; empresários preocupam-se com os efeitos que a Selic elevada possa trazer as companhias — vide os apuros financeiros enfrentados por inúmeros membros da B3; congressistas… bem, estes vão com a onda.

E se Campos Neto virou o inimigo número 1 do dia para a noite, sua cabeça continua a prêmio: o Copom manteve a taxa básica de juros da economia em 13,75%, numa decisão que, diga-se, era esperada pelo mercado.

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A inflação ainda persistente, somada às instabilidades macroeconômicas locais e externas, justificaram a postura cautelosa.

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Esta foi a quinta vez seguida que o Banco Central manteve a Selic inalterada no patamar atual, para a frustração do presidente Lula e de outros entes — econômicos ou não — que desejavam um alívio nos juros.

O economista Roberto de Oliveira Campos Neto, indicado pela Presidência da República para o cargo de presidente do Banco Central

E o motivo para essa postura estável, a priori, é bastante simples de se entender; basta analisar o gráfico abaixo:

Por mais que a inflação acumulada em 12 meses tenha claramente passado por um alívio a partir do segundo semestre do ano passado, num movimento que ocorreu em paralelo à escalada na Selic, fato é que o índice ainda fechou fevereiro em 5,6%, acima do teto da meta, de 4,75% ao ano; o centro está definido em 3,25%.

Ou seja: ao menos por ora, o Brasil parece pender para um novo estouro da meta de inflação, o que, a priori, é bastante maléfico para o Banco Central, cuja função primordial é controlar o avanço dos preços na economia. E, considerando que ainda há bastante incerteza quanto ao futuro, o Copom mais uma vez optou pela cautela.

Copom: Campos Neto não vai à guerra

Quem esperava uma espécie de “recadinho” do presidente do BC à classe política no comunicado da decisão de juros, saiu frustrado: o BC adotou um tom quase blasé, dando mais importância à deterioração da dinâmica externa e à crise dos bancos do que qualquer ruído político.

“Desde a reunião anterior do Comitê de Política Monetária (Copom), o ambiente externo se deteriorou”, diz o BC, logo na primeira frase do comunicado. “Os episódios envolvendo bancos nos EUA e na Europa elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados e requerem monitoramento”.

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No lado doméstico, atenção aos indicadores econômicos que, segundo o BC, corroboram o cenário de desaceleração na atividade que já era vislumbrado, por mais que a inflação oficial siga acima do teto da meta definida para 2023 — e que as edições mais recentes do boletim Focus mostrem uma elevação para o IPCA em 2024 e 2025.

Mas e as declarações do presidente Lula, clamando por uma revisão para cima das metas de inflação — e uma consequente abertura de espaço para corte imediato nos juros? Bem, quanto a este tema, não há nenhuma menção direta; apenas uma citação protocolar quanto ao arcabouço fiscal.

“Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; (ii) a incerteza sobre o arcabouço fiscal e seus impactos sobre as expectativas para a trajetória da dívida pública; e (iii) uma desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de inflação para prazos mais longos”, diz a autoridade monetária.

*Com informações do Seu Dinheiro

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